Sartre da São João, hálito de bebida barata
E meio Vila Rica amassado no bolso
Devorador de memórias de prostitutas e arruinados
O doce prazer dos últimos trocados
Hoje escreverei o livro de toda minha vida
E trocarei os manuscritos por beijos e carinhos pagos
Foi tudo um engano, um enorme engano do acaso
E acabei aqui, vencedor mas derrotado
De troféu entre os braços
Sem ninguém pra me chamar de herói
Velando meus coelhos brancos
As pessoas não ficam, sempre passam
Evitam contato com o homem e seus desencantos
E eu assisto tudo como um filme de quinta categoria
Sem saber porque faço ou falo coisas
Em um cinema sujo e triste as mulheres me cospem
O coração desiste e deixo o orgulho para as moscas
Um brinde então a esse odor de quarto úmido
À televisão que não sintoniza
Um brinde ao Domingo, ao tédio
A esse colchão imundo onde casais feios treparam por dias
Eu sou herói de ninguém e quero um quarto sem espelhos
Um corpo sem nome pra abraçar com os joelhos
Porque hoje sou o que sou
O leão covarde da boca do lixo
Na estrada de tijolos mais suja e cheia de bichos
Decorei poesias
Li Kierkegaard e Nietzsche até o raiar do dia
E só conheci mesmo na vida
Os demônios sujos que não conhecia
Verdade Fernando
Jamais conheci mesmo quem levasse porrada
E todos que conheci me chutaram mesmo caído à calçada
Holden, estou aqui de esperanças enterradas
Atravesso, atravesso a estrada e nunca acontece nada.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
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